Macaco engasgado num gingado bem solto
Um tenaz malogro alheio ao eufemismo
Feliz menino avesso a qualquer soldo
Teu amor estribilha na fagulha matutina
Centelha emboada na medida do irrisível
Com arrojo tosco e a cabeça aturdida
Bem engenhoso tåo quanto um indizível
No talo da garganta um verbo embutido
Um resquício de vulto afeito e alargado
As mãos em chagas pelo caminho ferido
O sotaque sutil contra o entorno melado
A ação primata de gesto indefectível
Afunila o karma no seu canto original
Credencia a doutrina em baixo nível
Indagando pujança na mente marginal
Virilidade de feição bem provocante
A atitude arredia de quem é sagaz
Gago pela indulgência e pelo instante
Na condição vadia de quem o faz
Assim é o macaco engasgado no batuque da capacidade
Todo saturado de meias intenções doces e bem ardis
Envolto em fagia cultural e na premissa da verdade
Ignorando o homem torpo que nunca fez o que quis.
O primata supera o homem.
Daniel Monteiro
Daniel Monteiro