quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Teatro de Espíritos



O movimento enérgico eu vejo.
Transparente ele é, invisível aos banais
Saído do exalar das coisas pequenas,
E eu prorrogo um pouco mais o meu erro.


Alcoólatras, executivos, ceifadores,
Amantes dos vícios não naturais,
Um incômodo na garganta, mas inesquecível.
Qual será meu fardo, dentro do meu destino?


Na corrente de corpos o pão se ganha,
No pilar da Instituição imponho minha remissão,
A fim de acalmar o pudor, bebericar meu líquido.
É a mesma hipocrisia das crianças,
Mas adulta, recheada de parâmetros.

Parem o horário de almoço, desfrutemos o que sente a célula.
Pontuando os pecados, vamos jogar com fé, sem vergonha.
Peça ao pombo cagão que plante um Jatobá,
Será mais útil que um homem, mesmo agricultor.

E os livros vão fazer sua história,
Xavier irá psicografar o além mundo,
A ponte será construída,
Engenheiros vão falir.

A verdade é que as etnias são a guerra interna do mundo,
Paz só se conhece na morte,
E os vinte e sete por centro de terra são o motivo, sempre,
Para o último tiro.

As Almas são para deuses, os corpos para médicos legistas.
Espíritos são para a Natureza, cadáveres para a terra.
A vocação das coisas é aparentar ter função,
Nunca pedi ao topo da cadeia para pensar tanto,
E tão alto.

Quem sabe a África não perdoa os macacos,
A engrenagem por sorte não esmaga a ciência,
Os homens quiçá amem as pedras como amam a si próprios,
E a dramaturgia não exista somente neste mundinho.


Daniel Monteiro