sábado, 22 de outubro de 2011

Comunhão do Fogo

O chão quente permanece quente, teso e chamejante.  O fogo brando ativa as lamúrias da hipnose, forjando o forte no aquecimento do ambiente. Labaredas vibram em comunhão enlaçada, num turbilho laranja. No casamento do vento com a chama, vence a fumaça. Ali no sopro das luzes amarelo-noite se desmoronam por cima as sombras engole-facho.

Queima a madeira viva – alimento expirado em júbilo contínuo – com fé e aprimoramento. Como as pontas do chicote dançarino do mestre, as línguas fátuas beijam-se entre si, implacáveis pela improvisação da coreografia. O ferro cintilante borbulhando na forma surge da criação Elemental: substância refinada, competência hermética dos ancestrais.

Ele, aliado da fuga invernal, mas inimigo da mata primaveril. Molde-trunfo da revolução industrial, por outro lado desaba-mundo das edificações comensais. Também é o trauma em todos os graus da cicatriz humana. Exercendo sobre o brilho da pupila o âmago do medo horroroso e o fascínio obsessivo da atração, numa pirofagia dúbia, bipolar.

Ai essencial combustível aeróbico que concede viva vida! Imponente partilha o mesmo cargo em toda a existência. Pela pira preservada remete ao simbolismo esportivo - força do músculo - daí vem e dá suculência à carne ingerida, assada na medida sobre chama incandescente e necessária. Em muitos atos foi sinônimo de loucura insanidade perversão, surto incendiário na mente de um fascinado, atraído para sedução descontrolada.   
Uma vez atiçado, seja pela faísca espontânea natural ou ação certa intencional, o elemento ganha vida própria em autofagia sem razão, alimentando-se do que arde e inflama, a migrar infindável numa propagação atroz beijada pelo desejo do vento. Origina sempre em transparente azul de natureza espiralada, corpo flexível com transformação imprevisível. E, após a pujança nutrida de seu apogeu, perece, agonizando enfim, numa brasa de carvão ensandecida. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

EU VOU FAZER UMA EMBOLADA, SAMBA COM MARACATU
TUDO BEM ENVENENADO, CONTRA MIM E CONTRA TU.


Chico Science