O novo chão os pés não sentem
A sujeira não se acomoda
A reflexão é profunda
É como ficar sem base
Um vazio branco de retidão
Uma densidade sem relevo feito
Sua textura dá aflição
Com infinidade sem destino
Num andar solto pelo vácuo.
Daniel Monteiro
domingo, 23 de novembro de 2008
sábado, 8 de novembro de 2008
Cão Infiel
Era um cão uma vez desses infiéis
Não do tipo que não tinha dono
Ou queda por um outro alguém
Era dono dos tolos
Das vielas cravejadas de inimigos
Do chão por onde andavam suas patas
Fungador preferido do fundo das fêmeas
Valente na fuga
Com o bife almejado bem fácil entre os dentes
Esnobe de carrapatos
Seu lar no tapete do Planalto
Seu cheiro o fedor nobre dos caninos
Mas fugia dos carinhos
Não abanava rabo de graça
Cachorro louco das guaridas
Não castrado pelo instinto
E infiel
Um cão desses de rua
E infiel
Um cão desses de rua
Filho da penumbra
Abolido de dono até os ossos.
Daniel Monteiro
Abolido de dono até os ossos.
Daniel Monteiro
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Quarta Noite
Já tinha raspado do coito
e do arrependimento raspou
a esperança;
Fugiu de cá para lá
mas a dor branca
continua e está
Na morte eminente
de todos os dias
sonhava correndo
em ser rachado
Em quatro pedaços
(lascou a água no cimento)
(queimou o ar fedorento)
(semeou erva daninha em terra roxa)
(ateou chamas na cidade que também ardia)
como uma ferida fresca no frio.
Daniel Monteiro
Já tinha raspado do coito
e do arrependimento raspou
a esperança;
Fugiu de cá para lá
mas a dor branca
continua e está
Na morte eminente
de todos os dias
sonhava correndo
em ser rachado
Em quatro pedaços
(lascou a água no cimento)
(queimou o ar fedorento)
(semeou erva daninha em terra roxa)
(ateou chamas na cidade que também ardia)
como uma ferida fresca no frio.
Daniel Monteiro
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