quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Minha Menina

Obra Prima dos Mutantes composta pelo Mestre Jorge Ben Jor

"Homenagem àquela
mulher que você ama, mas
não entende porquê."



Ela é minha menina
Eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
A lua prateada se escondeu
E o sol dourado apareceu
Amanheceu um lindo dia
Cheirando a alegria
Pois eu sonhei
E acordei pensando nela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela


A roseira já deu rosas
E a rosa que eu ganhei foi ela
Por ela eu ponho o meu coração
Na frente da razão
E vou dizer
Pra todo mundo
Como eu gosto dela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela


Ela é minha menina
Eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
A lua prateada se escondeu
E o sol dourado apareceu
Amanheceu um lindo dia
Cheirando a alegria
Pois eu sonhei
E acordei pensando nela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela


A roseira já deu rosas
E a rosa que eu ganhei foi ela
Por ela eu ponho o meu coração
Na frente da razão
E vou dizer
Pra todo mundo
Como eu gosto dela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
Minha menina,
Minha menina...



Grande Gênio Jorge Ben, talvez o brasileiro que melhor entendeu as fêmeas.
E soube passar para o papel e para música o que os homens sentem por elas.
Pranto Lúgrube



Os homens que cavam a fundo suas tristezas aram movidos a desgosto e semeiam lágrimas, regam tudo com pesadelos e podam as esperanças, colhendo seus piores desesperos.



Nenhum homem jamais deveria esquecer tais palavras, a fim de que sua alma não sirva, jamais, de alimento para o ódio, a soberba e a intemperança. E, mesmo que a esperança seja podada para esses seres, ela terá, sempre, sua própria chance de crescer sozinha.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Gozo Insatisfeito


Entre o gozo que aspiro, e o sofrimento de minha mocidade, experimento
O mais profundo e abalador atrito... Queimam-me o peito cáusticos de fogo
Esta ânsia de absoluto desafogo
Abrange todo o circulo infinito.
Na insaciedade desse gozo falho busco no desespero do trabalho,
Sem um domingo ao menos de repouso, Fazer parar a máquina do instinto, Mas, quanto mais me desespero, sinto A insaciabilidade desse gozo!



A dança do psique

A dança dos encéfalos acesos Começa. A carne é fogo. A alma arde.
A espaços As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombam, cedendo à ação de ignotos pesos!
E então que a vaga dos instintos presos- Mãe de esterilidades e cansaços -Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos
Subitamente a cerebral coréia
Pára. O cosmos sintético da idéia surge.
Emoções extraordinárias sinto
Arranco do meu crânio as nebulosas
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!


Augusto do Anjos

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Oriunda Poesia



Sabe-se que a poesia poderia ser feita mesmo se nunca tivesse existido poesia
Diz-se também que a poesia real é a dos mudos
Das aves vindouras
E das pedras abatidas


O recurso poético transgride o que se faz presente
E resgata o que ainda nem passou a existir
Logo os neurônios provem do poema
E o verbo lambe a orla do pensamento


Quantas cachaças soberbas devaneios não criaram
Que bocas não deliraram letras e condutas
Quais peitos não compeliram
Implacáveis
O ódio singular


A beleza da junção
E o esplendor do veneno
Compõem o Sagrado
Nominável do inexpressivo
Como baluarte da oração
Num brasão em ascendência



Jamais a visão da aurora transpassará o consciente
As sementes do caráter maculando a terra
Assediando as percepções da doutrina
Incólumes como o inanimado



O provimento da palavra haverá de se calar
O movimento do gesto se imobiliza no seu erro
O contorno da expressão esmorece no esquecimento
Mas a Oriunda Poesia fere o olhar eternamente
Atemporal como o riso do mundo

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Poesia em Puberdade

Fico estático
Em estado de puberdade
Fui adulto fui idoso
Sou criança
Beijo Borboletas e amanso pedras
Vindo do pau amarelo da voz da foz

O tordo anuncia o vigor da cria
O berro novo vem bonito e juvenil
Da cisterna salta a gota lânguida
E o cheiro-grama acalenta a flora bem nascida

Vem limpando o suor o parrudo pescador
Rasgando o baque na fibra jovem da rede
Logo o peixe cospe e se contorce
Tua espinha num colar no peito na quemerse

Morros e Serras entortam os lados do céu
Se ferem as falanges hostis no fio do beiral
Reluz a pele do menino na tarde viril
Brotando o desejo na crina da nuca real.
Amor de Árvore


Um caule não ama como um homem
Suas raízes amam toda a terra
E um punhado dela abraça a muda nova

Sais minerais convém como afagos no vento
E o ar mirado traz o pólen mínimo
Tão importante quanto o bruxulear dos galhos

O fruto surge como o talento da flora
Tesouro da espécie e filho da flor
Com as folhas a enfeitar a copa vívida

No casco do tronco vive a origem
O húmus remaneja o ciclo e reencarna
O sol beijando a clorofila que injeta o sustento

Cada estação traz a sua boa nova para a arbustagem
E cada arbusto revela sua época viçosa
Celebrando a primavera na beleza do acasalamento

O bico da pássaro carrega a mensagem
As sementes acomodam-se no leito do solo virgem
Naturalmente escancarando a independência selvagem

Umas se enroscam nas outras pedindo um ombro amigo
O verde agradece acolhendo o canário no ninho
E a água abastece somente pedindo beleza na margem

A floresta suspira e admite as raças no seu ventre
As espécies clamam e percebem seus dons
E à sombra do pomar se deleitam com seus cheiros

O arvoredo ama sem necessitar ser amado
Seus iguais o amam e juntos se mantém em pé
Balançando e recebendo a fauna com ternura

A verdura vêm sendo aos poucos ofendida
Mas tem perseverança e continua a procriar
Como enraizada teimosia do Poder da Vida.