quinta-feira, 27 de março de 2008

Estou sentido uma parada muito leve, bem singela, na batida da pulsação. É o amor que vem chegando, se revelando, instigando o coração.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Nada no mundo
é tão suave e flexível como a água.
Ainda sim, para dissolver o rígido e inflexível,
nada a supera.
O suave supera o forte;
o gentil supera o rígido.
Todos sabem que isso é verdade,
mas poucos conseguem pôr em prática.

Palavras de minha estimada irmã Julia Rodrigues, uma visionária do belo.
Abrasa a brasa do Brasil



Cansa o meu seio. Um alarde plasmático sussurra seus berros no gueto entrevado das grandes megalópoles. Uma sinfonia retumbante regenera o ventre da mãe gentil. Ó pátria fincada! Enterrada no néctar da brasilidade. Três cardumes enormes regem a mancha social. Os aprendizes, células produtoras da força, e uma dispensa de inutilizáveis. Suculentos são seus produtos. Um bagaço cultural é o seu sistema patriarcal. Hum!!
Enquanto caboclos chupam a manga no beiral do cerrado, retirantes zombeteiros esganiçam as traquéias em vão no semi-árido. Aberto o poção salubre, abrem-se mais outras covas rasas no marasmo. A cachaça do solo, rasgadeira e regojizada, desce estridente no intestino oco. E o humano pau-seco urina ácido e raspa o sebo do seroto.
Mequetrefes mostram todo seu futebol para os magnatas do velho mundo. Putas esforçadas são forçadas e liberar seu íntimo, e estão sempre machucadas com a teimosia de seus organismos em não perceberem o prazer, resguardando assim a lubrificação da mucosa. Seus ventres ardem como ardem também as caneliças futebolísticas. Nossos cérebros são patenteados pelo império.
Logo em berço vem o sambão na sua cadência, regurgitando rabos flácidos e glândulas mamárias de plástico. Afinal, o morro se orgulha de traficar o tóxico para o mundo, e o animal estrangeiro entorpecido pela bunda real logo se esculhamba todo na mão do trombada mor. Assim como o samba verdadeiro é o raiz, o crime impune é o brasileiro.
Assim as camadas vão se acomodando no seu saneamento primata, pois assim como em coração de mãe cabe mais um, em moradia sempre cabe mais uma família de ratos e uma perebinha infecciosa. Adiante! Caminhemos para mais um patrimônio tombado nacional, as árvores que mobíliam a casa e injetam energia na indústria. Quantas raízes haverão de tombar e quantos pistoleiros haverão de matar, pelo bem da extinção da Amazônia! Cu!
Animais subalternos e bestiais ainda enjaulam outros, muito mais belos e valiosos. Arara Azul e Mico-leão Dourado é o escambal! O que vale agora são as verdinhas monetárias, e não as cascas biodiversas da naturalidade.

terça-feira, 18 de março de 2008

O Canto da Cidade

A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
O gueto, a rua, a fé
Eu vou andando a pé
Pela cidade bonita
O toque do afoxé
E a força, de onde vem?
Ninguém explica
Ela é bonita
O gueto, a rua, a fé
Eu vou andando a pé
Pela cidade bonita
O toque do afoxé
E a força, de onde vem?
Ninguém explica
Ela é bonita
Uô ô
Verdadeiro amor
Uô ô
Você vai onde eu vou
Uô ôVerdadeiro amor
Uô ôVocê vai onde eu vou
Não diga que não me quer
Não diga que não quer mais
Eu sou o silêncio da noite
O sol da manhã
Mil voltas o mundo tem
Mas tem um ponto final
Eu sou o primeiro que canta
Eu sou o carnaval

sexta-feira, 14 de março de 2008

Dá pra mim, dadá dadinho

Dá, dodado dadão

Razão real pela batina furada. Cão meia em botina acrílica. Aff! Hunf! Bluuum!!!? Gatilha furúnculo...!.... Rasgão, rasshgs! (Assobio de coito – moeda tronca).
Cai, cai balalão!: bufa bem bolada. Embolora grill autópsia. Pereba, curuba, pré-limbo, ehh Zé Gosmão. Brrlrum. Gira concreto lambe bala.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Provérbio Vivo

Numa vila distante do mundo vivia um ancião em seus últimos dias de vida. Diante de seus olhos familiares e amigos encontraram a morte, vítimas da covardia e da violência injusta. Restou na família somente o velho patriarca e seu neto, ainda muito criança. Desgostoso de si e de tudo, o homem tinha perdido a esperança de ver sua linhagem gerar frutos.

Como se regasse um arbusto já antigo, o garotinho cuidava do avô, enfermo e debilitado. Um dia, ao trazer ervas e água junto de um verde bosque banhado por um regato, a criança, muito curiosa, quis saber qual a última coisa que o avô gostaria de fazer em vida.

O velho, surpreso com a pergunta inesperada do neto, reuniu o último vigor restante no corpo e levantou-se do leito de morte. “Quero plantar uma figueira”, respondeu com firmeza.

Juntos, saíram os dois para o bosque. O neto o acompanhou em silêncio, sem mais nenhuma pergunta. No caminho, o ancião observava atentamente as árvores mais velhas, e ria-se ao perceber mudas florescerem na margem da trilha.

Ao chegarem no local escolhido pelo avô, o neto cavou um pequeno buraco na terra e fitou os olhos dele, aguardando a mão do homem depositar a semente. À revelia, uma pergunta ardia no coração da criança, ávida em descobrir o sentido de tudo aquilo. “Porque o senhor se daria ao trabalho de vir até aqui, com a morte já tão próxima, para plantar uma árvore que você não poderá cuidar, ver crescer, florescer e dar os mais belos figos?”, indagou.

O velho esboçou um leve sorriso para o garoto e lentamente estendeu a mão com a semente da figueira para o buraco, cobrindo-o suavemente com terra sem tirar os olhos do neto. “Meu pequeno, eu não plantei esta árvore com a esperança de vê-la tornar-se bela e vigorosa. Eu o fiz com a única intenção de que você, em breve, suba na parte mais alta de sua copa e colha os mais doces figos para seus filhos”.


As gerações da vida são como as árvores, se não a cultivam e zelam por elas, jamais terão herdeiros.

Plante uma aprendizagem, plante um verde. Mas acima de tudo, plante uma vida.