sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Jurema Preta

Sou aluno das árvores
alma elétrica
 nas veredas
mais secretas
Catimbó sonâmbulo & seus palácios
meu crânio virando brasas
desfolhando meu coração
 mananciais transfigurados
na memória.

Roberto Piva

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Cronograma da vida


Num rebento cósmico eclode a vida
Vinda da explosão-expansão da matéria
Surge simples, unicelular e invisível
Para tornar-se o propósito da Divina ideia

Não há como seguir um plano conduzido
Quando se trata de ínfimas vidas, infinitas 
A regência biológica seja animada ou inerte
Se entrelaça em teias sutis de galáxias vias

O tempo remunerado teve lucro vindo o orgânico
Fez-se nele algum sentido com as rugas e mortes
É o espaço na dimensão entre as idas e vindas
Dos seres-universo que se entregam à sorte 

Este poder como tal cria por si só nova biologia
Mesmo se atendo a entrada e saída deste plano
É a chave sublime que o Arquiteto compartilha

Ser a oportunidade de um cronograma novo.

sábado, 22 de agosto de 2015

Galope irreversível


Emparelhados descem os animais celestes
E anjos ataviados de vácuo e energia
A cortina é uma decisão sábia
Deixar entrar ou não a luz perene

É por um caminho sisudo que a glória vem
O fogo elaborado do perispírito
Calado quase cessa o julgamento externo
Falante trépido publica o pré-conceito interno

A opinião é uma anomalia assintomática
Carro-chefe da doutrina egóica
Conhece e descobre a inversão sofia
Sugere a si a receita da ilusão simplória

O tropeço põe-se dentro
A inexperiência leva a julgo
Se retira da matéria por um instante
Olha o presente arregalado à nossa volta

O movimento para algum lugar é inadiável
Por isso o galope é irreversível
Afivele a mente e massageie o coração
Vale tudo o ser sensível

Zela o mundo quem não vive em vão.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Partindo alto


Sabe
Estou repartido
Com a ideia de ser parte
Também não desejo
Tomar partido
Porque assim
Pareço repartição

O partido toma parte
De um lado
E parte do princípio
De tomar partido

Eu parto do partido único
Do universo primitivo

Um partido chega e já parte
Sem fraternidade
Vai partindo, partindo, partindo
Repartindo a unidade

Por isso o meu partido
É você, sou eu, todas as partes
O partido da água, da terra e mato

Somos deste partido
De onde tudo parte
Do Alto

Partido Santo
Partindo alto.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Sofrimento

"O homem que age não sofre."

T.S Eliot

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Cristão da Floresta

Para ser um bom mateiro
Basta ver Jesus nos vegetais
Das árvores aos frutos
Nas raízes e matagais

Sob a sombra da Paineira
Na fortaleza do Jatobá
Na resistência da figueira
Nas ervas de Oxalá

E no meio da Amazônia
Ele recebeu o Mestre Irineu
Santa Doutrina vinda da terra
Com a Virgem Mãe que apareceu

Em Jerusalém foi recebido
Com os ramos das palmeiras
Deu os últimos ensinamentos
Meditando no Monte das Oliveiras

Honremos o amor a Jesus Cristo
Que medica na selva viva
Benzendo com boas plantas
Na ciência do Jagube e a Rainha

As verdes veias têm fartura
Pois flui do poder que vem de cima
Na floresta encontra-se toda a cura
Que ativa a consciência Crística.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O nome do vento

Neste inexato momento
será dito sobre tudo
Que está em
todos os espaços,
O gesto do
Tempo e,
o movimento dos atos.

Porque eis
o peso do oxigênio,
as naturais
substâncias,
A necessidade
interna do homem
E sua presença em
qualquer estância.

A leveza
e a força
Invariável vendaval,
como um
Assobio Grande.
E quer ser
Puro ,
Vitalício

Lá no alto  

Bem gelado
Um pouco rarefeito,
Mas Vivo
E de muito
Ar,
Feito.

Bem sentido
Num rosto,
Num
sopro,
Bom no corpo
todo,
Num cheiro rápido
que passa,
levado
ao ar livre.
O :
nome secreto
Mensageiro
Sempre inteiro
alheio,
sorrateiro,
pálido
transparente.

Não acaba
Oniprese
nte,
E
Im
possi
vel
Seguir,
Po
rque
até
as
pal
a
vras
o
ve
n
t
o

le
v

a




. (  p o n  t  o   )

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Arrocho sutil


Aglomerados de barracos
Implorando terra
Ricos podres
Sonegando tarifas-merreca

Nos anos gordos da privaticidade
O indivíduo era o lucro
Serviço estatal um esgoto
Os classudos só pondo no bolso

Do salário, dois terços tributados
Do consumo, metade ou mais
Posto no cofre-extorno
Do público serviço
Deslealdade desmedida
Da porca justiça
Uma procrastinação infinda.

No arrocho sutil
Quem aperta o cinto
É o pobre
O patrício aplica o ajuste fiscal

E a igualdade esmorece nos ossos.

sexta-feira, 27 de março de 2015

O Magnífico

Jeshua vem com flores finas
De aromas azul-suaves
Celestes incensos nas mãos
Palavras vivas de amizade

Ele traz todas forças
Da dimensão superior
Reverência aos avatares
Desde Batista aos brâmanes

É o Pai dos continentes
Seu sangue fluindo todas raças
Ensinos simples leste a oeste
Renovação na terra eleva à Casa

É Senhor mas antes irmão
Ao nosso lado e de todo bem
Entregou o corpo ao ser humano

E deixou de herança o Amor do além.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Poema sem tema



O tema é teimosia mental
Pré-jeito estapafúrdio
O limite da limitação
Com recalque inevitável

Dizer o que, se é melhor calar
Silêncio pouco é desditoso
Sugiro que assoe o nariz
A catarse do catarro limpa tudo

Esvazia a cabeça com cara nua
Retira o que identifica
Rasga os documentos na navalha
Faça ser um nada no vácuo

Assim eu forço a não temática
Abduzindo o sustento do zero
Sem vestígio, intento ou lambuja
Poema sem tema não tem meta.

sábado, 21 de março de 2015

Abjeção inerte




Tenha o medo no bolso
Escolha o terno psicopata
Gire a roleta do crepúsculo
Infâmia e torpeza usurpam tolos

Abnegação incrustada
Dedicada a roer o ânimo
Receitas salobras do tinhoso
Agourando os olhos da vida

Um banho de imundice humana
Sangue na cartola e no buril
Estigma do corpo pesadelo
Não se arrependendo de ser vil.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Deus-poema



É o sem gênero
É a assexualidade
É sem religião
Só religare

É toda virtude
É o um incomparável
É o todo impecável
E não inventou o pecado

Um ser fortaleza
O significado do belo
O universo contido
No espaço-tempo eterno

É o ego do vazio
O magma das estrelas
A inteligência da célula
A ciência não desperta

O homem experiência
O refluxo das raças
O cheiro do sangue coalhado
A chorume das matas

É a luz no vácuo
O gás dos planetas
O fogo em chave vertente
A gravidade gentil realçada
Vai do mental ao etéreo
Do físico ao emocional
Dá razão ao irascível
Dimensiona o plural

E não é dual, nem número
Não se define na forma
É o impulso orbitante
Origem do amor vitalício