sábado, 25 de dezembro de 2010

Pleroma

O amor dos insetos inunda com plenitude
O alvo e o negro vieram de si próprios,
E tudo veio do nada.



Um idioma do porto, derivado do latim
E nenhuma outra língua e escrita,
Pronuncia a origem do Infinito.




Supõe, alega, fantasia
Gesticula hermetismos e mitos
Mas não determina a substância Criativa.




Emite cheiros a fé coitada dos humanos
As doutrinas pequeninas das etnias,
A Shopia desconfiando de seu destino.




Em explosões cadentes seguem os Aeons,
Hipotéticos,
Discretos no alcance do inalcançável.




Espíritos populares atam-se à matéria
Deformações formam-se pelo firmamento,
E o panteão das virtudes vem em socorro pálido.




O Divino está no peito do homem,
Estalando de desejo
Sim, desejo real,
Porque quer sair
E ninguém o enxerga no Interior.




Sublime na verdade é o mistério da ignorância,
A gnose patética pela sua tentativa intuitiva,
Pois delicioso é não saber a Verdade.




Sabor se admira na vida medíocre,
Nas galáxias esparramadas
Na contagem inútil do tempo.




Mithra alveja o touro no instante solar
E a Luz escorre sobre as faces opacas,
Unindo revelações em experiência universal.




Que venham os astros na derradeira investida!
Perfeitos sejam os mendicantes de Assis!
A negação do credo pelo sentido do Espírito!




A evolução humana exige uma Criação
Pois é obrigatório o além do plano físico
E a consciência terrena supôs primeiro o Demiurgo




A morte planejada é o efeito holístico
Folhas e homens são iguais células cósmicas
O ciclo vivo que retorna à Unidade




Forças opostas agem infinitamente em tudo
E não são o bem e o mal ou o negro e o branco
São o Tudo e o Nada
Irracionais para a mente




Originados no Pleroma
Uma Natureza de uma só substância
A Existência.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

PESSOA ATIVA!





Corre na veia a ação

O pé, a mão

O movimento de fé

A pessoa ativa

Extrovertida

Não se controla sequer

Pula aqui, corre acolá

Está em todo lugar

Faz bem o que quer

Ajuda ao lado

Inventa novo ato

Presenteia se der

Tem sempre atitude

Exercita rara virtude

Boa pessoa ela é

Admiradora da beleza

Amante da natureza

Está para o que der e vier.

sábado, 30 de outubro de 2010

O Fluxo Eterno




Uma corrente tramitante

Energia única e transformadora

Em eterno turbilhão espiritual

De Força,

E Natureza.

sábado, 2 de outubro de 2010

"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível."


São Francisco de Assis


Afinal um sorriso custa menos que eletricidade, e dá muito mais Luz.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

LIBERDADE DE SER



Este ano quero a liberdade de me amar

De ter o verão na palma da minha mão

De dizer um pouco menos o não

De me vestir como bem desejar


Escolher as cores do meu dia a dia

Sentir que sou admirado por dentro

Viver os melhores momentos bem lentos

Compartilhar sonhos com toda família


Que a cada dia eu tenha pequenas férias

Como a gaivota que voa entre o céu e o mar

Marcar presença quando as coisas forem sérias

E dar o melhor de mim quando precisar


Pois o que desejo a mim desejo a todos

As melhores festas cobertas de felicidade

Estar bem com tudo aquilo que somos

E vivermos juntos nossa liberdade.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Catatumba de ló



Alcova reconchegante cheirosa

Macia em feltro pomposo

De deixar acolhidos os acólitos



Garboso trato se experimentava na fronte

E semblante anterior a pino de altivez

Num concreto arrimo reto em seu desenho



Paz balbuciante ingeriam os visitantes

Rãs, lagartos, cadafalsos e hinos

Transições temporais manifestadas em relance



Ali perambulavam almas arrítmicas em desaviso

Pela entrada se via toda a moral intrépida

Gentileza prostrada no piso vil dos transeuntes



Réus injulgáveis se acomodavam de bom gosto

E de ano a milênio o oculto era mais culto

Um coveiro sem idade tudo e a todos desmentindo



De recepção alimentava-se o contemplar dos mortos

A protuberar uma austeridade fidedigna

Com clássicos desejos revirando nas gavetas decompostas



O ló permeava a destoada Catatumba

Undécima sepultura radial

Destino certo dos que morrem em outros mundos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Augustos










Quero o Amor de Jeová

Com o consentimento de Alah

Lá no cantinho de Jah.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Viradinha à Paulista























Esse é o momento "cultural" de São Paulo.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Colhendo merdas numa tarde ensolarada

Eu, num momento só, minha pá bipolar em punho com a vassoura noutro braço, iniciei o recolhimento de merda canina, e prefiro desde sempre recolher merdas caninas. É um trabalho interessante e de interesse comum. Interessante porque se pode desenvolver assim novas habilidades olfativas e artísticas, entrando em contato com a imaginação escultural de cada peça defectiva e com os odores peculiares que cada uma leva. De interesse comum justamente porque ninguém que conviva com os sapecas animais deseja sentir odores insuportáveis ou desviar com saltos esguios o produto final da ração. Pode parecer indigno e quase nada vantajoso recolher tais excrementos, mas é aí que se revela a nobreza do ato receoso. Exatamente porque a maioria das pessoas detestam ter que lidar com suas próprias atividades fisiológicas, pelo asco pessoal que adquirem da própria raça, crêem que seria muita mediocridade e rebaixamento limparem bostas cachorras. Mas essas bostas são muito melhores do que a nossa, sem toxinas e podridão. Experimente defecar no chão e deixar lá por um dia, vai preferir que fosse de cães. Vai ver então que limpar coco de cachorro é mais digno do que você mesmo cagar na privada e gastar vinte litros de água. E ainda dá pra fazer adubo. Limpe a merda de seu cão com empenho e simplicidade, e sairá com o sentimento de missão cumprida.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Guardador de Rebanhos

XXXIX


O mistério das cousas, onde está ele?

Onde está ele que não aparece

Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?

Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?

E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?

Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,

Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das cousas

É elas não terem sentido oculto nenhum,

É mais estranho do que todas as estranhezas

E do que os sonhos de todos os poetas

E os pensamentos de todos os filósofos,

Que as cousas sejam realmente o que parecem ser

E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: –

As cousas não têm significação: têm existência.

As cousas são o único sentido oculto das cousas.
 
 
Alberto Caeiro

sexta-feira, 9 de abril de 2010

NUDEZ OBLÍQUA





É um desejo que temos idealizado

Desnudar o pudor deliciosamente

Tornar públicas as genitálias

Há verdade nisso



Demonstrando a realidade das nossas formas

O ímpeto do nosso corpo ferramenta

Vê-se o quão simples é a animalidade

A curva do vento nas ancas



Mas a praxe oculta a grande ânsia

O tabuzinho esdrúxulo do encobrimento

Porque tememos o nosso nudismo

Mas amamos assistir o alheio



Morrer com gosto é morrer sem roupa

Como quando irrompemos do útero

Pelo prazer copular somos bem vindos pelados

No auge a arte aplaude todo o contorno



Nus vamos ao nosso próprio encontro

À crua singularidade em natureza

Assim tudo é feito com majestade

No clímax do estado vital.




terça-feira, 2 de março de 2010

Reciclo




O que podemos renovar

Sem que possamos degenerar?

Como vamos imitar o ciclo terreno

Se rodamos em círculos de medo?

Ponha o metal na origem

Emplastifique corpos cretáceos

Deixe sua marca na árvore

E o planeta rirá da intenção.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O APOCALIPSE SAGRADO

Foi-se o dia em que os impérios se inclinaram para um fundo grotesco e lúgubre. Todos os dias do calendário cristão as pessoas sussurram melodicamente seus apocalipses retro-privados. E aleatoriamente vão se somando as pequenas tempestades em copo d’água. O mundo vem se tornando, contra própria vontade, um exemplo medíocre com ínfima participação no ensaio do cosmos atemporal e cíclico. Como realmente vêm se provando que o cosmos é. Conclaves de raças desmantelam-se umas sobre as outras sob a doutrina da ordem do mais arguto. Ou pré-dominante. E o palhação de sorriso-mescalina observa a impaciência do domador em amansar o leão torpo, mas muito honrado.

As taigas tristes latejam na superfície da terra, animadas com o bocejo do sol arfante. Ao final de cada dia, plânctons libertinos deslizam pela margem do pensamento, dando vida à monotonia branca do degelo. Com a chegada do crepúsculo, uma chama alabaredada, oriunda da tarefa lasciva de homens, abafa-se com o borrão do negrume. Corpos movem-se no breu, e as ações da noite não têm nada de anormal, mesmo que muito embora não se possam prever as suas repentinidades incisivas, provocando daí um agrupamento de escarcéus. Ficou estampado diante dos globos oculares que a natureza deixou de ser tão natural. Tais cataclismos da contemporaneidade se deram de fato com a semeação da raça sapiens, a colheita sendo um devastador gorfo ressacado e doente da Deusa-Mãe. Eis a pior das pestilências. A boçalidade humana.



O genoma do magma especula suas bolhas sísmicas. O arrastão cultural dos colossos midiáticos se aperfeiçoa em calamidades circenses. A patifaria reelege-se virtude dos burgos. E eles, no mais profundo de suas vergonhas, enojam-se de si próprios por não comporem a legitimidade do povo, uma vez que a cultura original vem dos reprimidos, nunca dos repressores. Uma imundice degenerativa atola o pensamento dos homens dominantes, e a massa estúpida qualifica toneladas de lixo para entulhar a saúde do globo. Vendemos a biosfera numa bula antibiótica. Patenteamos uma planta – inconcebível tal ato - e compramos parcelado nosso próprio lugar onde cair morto. Enquanto catadores de lixo egoístas demarcam sua área de exploração nos aterros sanitários. Triste, mas é o ciclo.



Rapinas de ferro fundido transcendem rasantes pela Gomorra pluriluminar. E o mundo corporativo vende drogas para comer, e mais, como se fosse um produto de primeira necessidade, vende drogas para morrer. Outros as querem para ficarem eufóricos, outros para ficarem mais valentes, e outros ainda para adiarem suas mortes. Há leis que proíbem parir crianças por acidente. E há leis que permitem matar pessoas propositalmente.



O pensamento livre ficou achatado, comprimido em publicidades de baixo teor alcoólico. A política tornou-se esbaforida, uma vez nunca excretada sua polpa embolorada. O ativismo se transformou num lucro hipócrita. O sexo vive o insaciável, e os animais selvagens se esvaziam em seus nichos, sob os olhos das lentes do poder.



Ninguém mais é senhor de si mesmo. As classes são propriedades, e os homens, ousados e pérfidos, acreditam que podem sublocar o solo, e se prestam a documentos feitos duma própria árvore senhora da Terra, para legitimarem sua posse. Obsceno. Irrefutável. Não são donos nem do solo onde foram enterrados. O homem da atualidade tenta reverter o processo natural de nunca se levar nada da vida após a morte. Ele quer, e pretende entupir e socar ego abaixo os seus bens, expô-los na dimensão exterior reafirmando assim seu caráter e o fim em si mesmo. Focando essencialmente a autoridade do poderio. E Ignora ser bem de si próprio, e unicamente isso.



A raça dominante não compreende que obviamente também é uma partícula da natureza, e os animais irracionais participarão do Apocalipse sem terem culpa pela corrosão planetária. A terra é poeira na sua existência elíptica ao redor de uma estrela anã, invisível em vista de infindáveis planetas vivos pelo Universo afora. A mitologia do mundo é clássica na sua hermenêutica dos fenômenos terrenos, e unicamente faz sentido no imaginário tradicional da cultura primordial. O infinito não irá sentir falta do planeta terra. A mitologia real é cósmica, ancestral, original, se realmente no Tudo existe alguma origem, pois a reciclagem do vácuo é constante, atemporal, interminável.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Morgana Le Fay respira em transe a suave chegada das brumas que levarão até Avalon.
Geoffrey de Monmouth, Séc. XII.
Cajado de freixo



Altruísmo e apoio

Suas virtudes primas

Grande madeira de androgia

Com encantos e estilhaços de luz.



Um objeto de ventura

De manuseio hábil

Com movimento delicado

Em elegante amparo.



Amor e Natureza há nele

Simplicidade, rigidez, verticalismo

É vegetal energia da magia

Poder longevo de ancestralidade.


















                               

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Oceano Fechado




A nadar sobe a lua

E ardem os meus pés

Tudo melhor se for irreal

Muito pior se rimos de nós.

Gaivotas desejam peixe sedentário

O Coral é a baleia aos olhos nocivos

A pedra,

O marco que divide o mar

A lua, incitante indomável

O vapor de sal toma rumo no ar.

E o ar se espreme

entre as moléculas molhadas

É o desejo da maioria,

O fluxo da correntes

Numa imensidão externa,

Em imersão eterna

Imprevista,

e crescente

Engolindo a terra.