O amor dos insetos inunda com plenitude
O alvo e o negro vieram de si próprios,
E tudo veio do nada.
Um idioma do porto, derivado do latim
E nenhuma outra língua e escrita,
Pronuncia a origem do Infinito.
Supõe, alega, fantasia
Gesticula hermetismos e mitos
Mas não determina a substância Criativa.
Emite cheiros a fé coitada dos humanos
As doutrinas pequeninas das etnias,
A Shopia desconfiando de seu destino.
Em explosões cadentes seguem os Aeons,
Hipotéticos,
Discretos no alcance do inalcançável.
Espíritos populares atam-se à matéria
Deformações formam-se pelo firmamento,
E o panteão das virtudes vem em socorro pálido.
O Divino está no peito do homem,
Estalando de desejo
Sim, desejo real,
Porque quer sair
E ninguém o enxerga no Interior.
Sublime na verdade é o mistério da ignorância,
A gnose patética pela sua tentativa intuitiva,
Pois delicioso é não saber a Verdade.
Sabor se admira na vida medíocre,
Nas galáxias esparramadas
Na contagem inútil do tempo.
Mithra alveja o touro no instante solar
E a Luz escorre sobre as faces opacas,
Unindo revelações em experiência universal.
Que venham os astros na derradeira investida!
Perfeitos sejam os mendicantes de Assis!
A negação do credo pelo sentido do Espírito!
A evolução humana exige uma Criação
Pois é obrigatório o além do plano físico
E a consciência terrena supôs primeiro o Demiurgo
A morte planejada é o efeito holístico
Folhas e homens são iguais células cósmicas
O ciclo vivo que retorna à Unidade
Forças opostas agem infinitamente em tudo
E não são o bem e o mal ou o negro e o branco
São o Tudo e o Nada
Irracionais para a mente
Originados no Pleroma
Uma Natureza de uma só substância
A Existência.
sábado, 25 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
PESSOA ATIVA!
Corre na veia a ação
O pé, a mão
O movimento de fé
A pessoa ativa
Extrovertida
Não se controla sequer
Pula aqui, corre acolá
Está em todo lugar
Faz bem o que quer
Ajuda ao lado
Inventa novo ato
Presenteia se der
Tem sempre atitude
Exercita rara virtude
Boa pessoa ela é
Admiradora da beleza
Amante da natureza
Está para o que der e vier.
sábado, 30 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
LIBERDADE DE SER
Este ano quero a liberdade de me amar
De ter o verão na palma da minha mão
De dizer um pouco menos o não
De me vestir como bem desejar
Escolher as cores do meu dia a dia
Sentir que sou admirado por dentro
Viver os melhores momentos bem lentos
Compartilhar sonhos com toda família
Que a cada dia eu tenha pequenas férias
Como a gaivota que voa entre o céu e o mar
Marcar presença quando as coisas forem sérias
E dar o melhor de mim quando precisar
Pois o que desejo a mim desejo a todos
As melhores festas cobertas de felicidade
Estar bem com tudo aquilo que somos
E vivermos juntos nossa liberdade.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Catatumba de ló
Alcova reconchegante cheirosa
Macia em feltro pomposo
De deixar acolhidos os acólitos
Garboso trato se experimentava na fronte
E semblante anterior a pino de altivez
Num concreto arrimo reto em seu desenho
Paz balbuciante ingeriam os visitantes
Rãs, lagartos, cadafalsos e hinos
Transições temporais manifestadas em relance
Ali perambulavam almas arrítmicas em desaviso
Pela entrada se via toda a moral intrépida
Gentileza prostrada no piso vil dos transeuntes
Réus injulgáveis se acomodavam de bom gosto
E de ano a milênio o oculto era mais culto
Um coveiro sem idade tudo e a todos desmentindo
De recepção alimentava-se o contemplar dos mortos
A protuberar uma austeridade fidedigna
Com clássicos desejos revirando nas gavetas decompostas
O ló permeava a destoada Catatumba
Undécima sepultura radial
Destino certo dos que morrem em outros mundos.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Colhendo merdas numa tarde ensolarada
Eu, num momento só, minha pá bipolar em punho com a vassoura noutro braço, iniciei o recolhimento de merda canina, e prefiro desde sempre recolher merdas caninas. É um trabalho interessante e de interesse comum. Interessante porque se pode desenvolver assim novas habilidades olfativas e artísticas, entrando em contato com a imaginação escultural de cada peça defectiva e com os odores peculiares que cada uma leva. De interesse comum justamente porque ninguém que conviva com os sapecas animais deseja sentir odores insuportáveis ou desviar com saltos esguios o produto final da ração. Pode parecer indigno e quase nada vantajoso recolher tais excrementos, mas é aí que se revela a nobreza do ato receoso. Exatamente porque a maioria das pessoas detestam ter que lidar com suas próprias atividades fisiológicas, pelo asco pessoal que adquirem da própria raça, crêem que seria muita mediocridade e rebaixamento limparem bostas cachorras. Mas essas bostas são muito melhores do que a nossa, sem toxinas e podridão. Experimente defecar no chão e deixar lá por um dia, vai preferir que fosse de cães. Vai ver então que limpar coco de cachorro é mais digno do que você mesmo cagar na privada e gastar vinte litros de água. E ainda dá pra fazer adubo. Limpe a merda de seu cão com empenho e simplicidade, e sairá com o sentimento de missão cumprida.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Guardador de Rebanhos
XXXIX
O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: –
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Alberto Caeiro
O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: –
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Alberto Caeiro
sexta-feira, 9 de abril de 2010
NUDEZ OBLÍQUA
É um desejo que temos idealizado
Desnudar o pudor deliciosamente
Tornar públicas as genitálias
Há verdade nisso
Demonstrando a realidade das nossas formas
O ímpeto do nosso corpo ferramenta
Vê-se o quão simples é a animalidade
A curva do vento nas ancas
Mas a praxe oculta a grande ânsia
O tabuzinho esdrúxulo do encobrimento
Porque tememos o nosso nudismo
Mas amamos assistir o alheio
Morrer com gosto é morrer sem roupa
Como quando irrompemos do útero
Pelo prazer copular somos bem vindos pelados
No auge a arte aplaude todo o contorno
Nus vamos ao nosso próprio encontro
À crua singularidade em natureza
Assim tudo é feito com majestade
No clímax do estado vital.
terça-feira, 2 de março de 2010
sábado, 20 de fevereiro de 2010
O APOCALIPSE SAGRADO
Foi-se o dia em que os impérios se inclinaram para um fundo grotesco e lúgubre. Todos os dias do calendário cristão as pessoas sussurram melodicamente seus apocalipses retro-privados. E aleatoriamente vão se somando as pequenas tempestades em copo d’água. O mundo vem se tornando, contra própria vontade, um exemplo medíocre com ínfima participação no ensaio do cosmos atemporal e cíclico. Como realmente vêm se provando que o cosmos é. Conclaves de raças desmantelam-se umas sobre as outras sob a doutrina da ordem do mais arguto. Ou pré-dominante. E o palhação de sorriso-mescalina observa a impaciência do domador em amansar o leão torpo, mas muito honrado.
As taigas tristes latejam na superfície da terra, animadas com o bocejo do sol arfante. Ao final de cada dia, plânctons libertinos deslizam pela margem do pensamento, dando vida à monotonia branca do degelo. Com a chegada do crepúsculo, uma chama alabaredada, oriunda da tarefa lasciva de homens, abafa-se com o borrão do negrume. Corpos movem-se no breu, e as ações da noite não têm nada de anormal, mesmo que muito embora não se possam prever as suas repentinidades incisivas, provocando daí um agrupamento de escarcéus. Ficou estampado diante dos globos oculares que a natureza deixou de ser tão natural. Tais cataclismos da contemporaneidade se deram de fato com a semeação da raça sapiens, a colheita sendo um devastador gorfo ressacado e doente da Deusa-Mãe. Eis a pior das pestilências. A boçalidade humana.
O genoma do magma especula suas bolhas sísmicas. O arrastão cultural dos colossos midiáticos se aperfeiçoa em calamidades circenses. A patifaria reelege-se virtude dos burgos. E eles, no mais profundo de suas vergonhas, enojam-se de si próprios por não comporem a legitimidade do povo, uma vez que a cultura original vem dos reprimidos, nunca dos repressores. Uma imundice degenerativa atola o pensamento dos homens dominantes, e a massa estúpida qualifica toneladas de lixo para entulhar a saúde do globo. Vendemos a biosfera numa bula antibiótica. Patenteamos uma planta – inconcebível tal ato - e compramos parcelado nosso próprio lugar onde cair morto. Enquanto catadores de lixo egoístas demarcam sua área de exploração nos aterros sanitários. Triste, mas é o ciclo.
Rapinas de ferro fundido transcendem rasantes pela Gomorra pluriluminar. E o mundo corporativo vende drogas para comer, e mais, como se fosse um produto de primeira necessidade, vende drogas para morrer. Outros as querem para ficarem eufóricos, outros para ficarem mais valentes, e outros ainda para adiarem suas mortes. Há leis que proíbem parir crianças por acidente. E há leis que permitem matar pessoas propositalmente.
O pensamento livre ficou achatado, comprimido em publicidades de baixo teor alcoólico. A política tornou-se esbaforida, uma vez nunca excretada sua polpa embolorada. O ativismo se transformou num lucro hipócrita. O sexo vive o insaciável, e os animais selvagens se esvaziam em seus nichos, sob os olhos das lentes do poder.
Ninguém mais é senhor de si mesmo. As classes são propriedades, e os homens, ousados e pérfidos, acreditam que podem sublocar o solo, e se prestam a documentos feitos duma própria árvore senhora da Terra, para legitimarem sua posse. Obsceno. Irrefutável. Não são donos nem do solo onde foram enterrados. O homem da atualidade tenta reverter o processo natural de nunca se levar nada da vida após a morte. Ele quer, e pretende entupir e socar ego abaixo os seus bens, expô-los na dimensão exterior reafirmando assim seu caráter e o fim em si mesmo. Focando essencialmente a autoridade do poderio. E Ignora ser bem de si próprio, e unicamente isso.
A raça dominante não compreende que obviamente também é uma partícula da natureza, e os animais irracionais participarão do Apocalipse sem terem culpa pela corrosão planetária. A terra é poeira na sua existência elíptica ao redor de uma estrela anã, invisível em vista de infindáveis planetas vivos pelo Universo afora. A mitologia do mundo é clássica na sua hermenêutica dos fenômenos terrenos, e unicamente faz sentido no imaginário tradicional da cultura primordial. O infinito não irá sentir falta do planeta terra. A mitologia real é cósmica, ancestral, original, se realmente no Tudo existe alguma origem, pois a reciclagem do vácuo é constante, atemporal, interminável.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Altruísmo e apoio
Suas virtudes primas
Grande madeira de androgia
Com encantos e estilhaços de luz.
Um objeto de ventura
De manuseio hábil
Com movimento delicado
Em elegante amparo.
Amor e Natureza há nele
Simplicidade, rigidez, verticalismo
É vegetal energia da magia
Poder longevo de ancestralidade.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Oceano Fechado
A nadar sobe a lua
E ardem os meus pés
Tudo melhor se for irreal
Muito pior se rimos de nós.
Gaivotas desejam peixe sedentário
O Coral é a baleia aos olhos nocivos
A pedra,
O marco que divide o mar
A lua, incitante indomável
O vapor de sal toma rumo no ar.
E o ar se espreme
entre as moléculas molhadas
É o desejo da maioria,
O fluxo da correntes
Numa imensidão externa,
Em imersão eterna
Imprevista,
e crescente
Engolindo a terra.
A nadar sobe a lua
E ardem os meus pés
Tudo melhor se for irreal
Muito pior se rimos de nós.
Gaivotas desejam peixe sedentário
O Coral é a baleia aos olhos nocivos
A pedra,
O marco que divide o mar
A lua, incitante indomável
O vapor de sal toma rumo no ar.
E o ar se espreme
entre as moléculas molhadas
É o desejo da maioria,
O fluxo da correntes
Numa imensidão externa,
Em imersão eterna
Imprevista,
e crescente
Engolindo a terra.
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