sábado, 20 de fevereiro de 2010

O APOCALIPSE SAGRADO

Foi-se o dia em que os impérios se inclinaram para um fundo grotesco e lúgubre. Todos os dias do calendário cristão as pessoas sussurram melodicamente seus apocalipses retro-privados. E aleatoriamente vão se somando as pequenas tempestades em copo d’água. O mundo vem se tornando, contra própria vontade, um exemplo medíocre com ínfima participação no ensaio do cosmos atemporal e cíclico. Como realmente vêm se provando que o cosmos é. Conclaves de raças desmantelam-se umas sobre as outras sob a doutrina da ordem do mais arguto. Ou pré-dominante. E o palhação de sorriso-mescalina observa a impaciência do domador em amansar o leão torpo, mas muito honrado.

As taigas tristes latejam na superfície da terra, animadas com o bocejo do sol arfante. Ao final de cada dia, plânctons libertinos deslizam pela margem do pensamento, dando vida à monotonia branca do degelo. Com a chegada do crepúsculo, uma chama alabaredada, oriunda da tarefa lasciva de homens, abafa-se com o borrão do negrume. Corpos movem-se no breu, e as ações da noite não têm nada de anormal, mesmo que muito embora não se possam prever as suas repentinidades incisivas, provocando daí um agrupamento de escarcéus. Ficou estampado diante dos globos oculares que a natureza deixou de ser tão natural. Tais cataclismos da contemporaneidade se deram de fato com a semeação da raça sapiens, a colheita sendo um devastador gorfo ressacado e doente da Deusa-Mãe. Eis a pior das pestilências. A boçalidade humana.



O genoma do magma especula suas bolhas sísmicas. O arrastão cultural dos colossos midiáticos se aperfeiçoa em calamidades circenses. A patifaria reelege-se virtude dos burgos. E eles, no mais profundo de suas vergonhas, enojam-se de si próprios por não comporem a legitimidade do povo, uma vez que a cultura original vem dos reprimidos, nunca dos repressores. Uma imundice degenerativa atola o pensamento dos homens dominantes, e a massa estúpida qualifica toneladas de lixo para entulhar a saúde do globo. Vendemos a biosfera numa bula antibiótica. Patenteamos uma planta – inconcebível tal ato - e compramos parcelado nosso próprio lugar onde cair morto. Enquanto catadores de lixo egoístas demarcam sua área de exploração nos aterros sanitários. Triste, mas é o ciclo.



Rapinas de ferro fundido transcendem rasantes pela Gomorra pluriluminar. E o mundo corporativo vende drogas para comer, e mais, como se fosse um produto de primeira necessidade, vende drogas para morrer. Outros as querem para ficarem eufóricos, outros para ficarem mais valentes, e outros ainda para adiarem suas mortes. Há leis que proíbem parir crianças por acidente. E há leis que permitem matar pessoas propositalmente.



O pensamento livre ficou achatado, comprimido em publicidades de baixo teor alcoólico. A política tornou-se esbaforida, uma vez nunca excretada sua polpa embolorada. O ativismo se transformou num lucro hipócrita. O sexo vive o insaciável, e os animais selvagens se esvaziam em seus nichos, sob os olhos das lentes do poder.



Ninguém mais é senhor de si mesmo. As classes são propriedades, e os homens, ousados e pérfidos, acreditam que podem sublocar o solo, e se prestam a documentos feitos duma própria árvore senhora da Terra, para legitimarem sua posse. Obsceno. Irrefutável. Não são donos nem do solo onde foram enterrados. O homem da atualidade tenta reverter o processo natural de nunca se levar nada da vida após a morte. Ele quer, e pretende entupir e socar ego abaixo os seus bens, expô-los na dimensão exterior reafirmando assim seu caráter e o fim em si mesmo. Focando essencialmente a autoridade do poderio. E Ignora ser bem de si próprio, e unicamente isso.



A raça dominante não compreende que obviamente também é uma partícula da natureza, e os animais irracionais participarão do Apocalipse sem terem culpa pela corrosão planetária. A terra é poeira na sua existência elíptica ao redor de uma estrela anã, invisível em vista de infindáveis planetas vivos pelo Universo afora. A mitologia do mundo é clássica na sua hermenêutica dos fenômenos terrenos, e unicamente faz sentido no imaginário tradicional da cultura primordial. O infinito não irá sentir falta do planeta terra. A mitologia real é cósmica, ancestral, original, se realmente no Tudo existe alguma origem, pois a reciclagem do vácuo é constante, atemporal, interminável.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Morgana Le Fay respira em transe a suave chegada das brumas que levarão até Avalon.
Geoffrey de Monmouth, Séc. XII.
Cajado de freixo



Altruísmo e apoio

Suas virtudes primas

Grande madeira de androgia

Com encantos e estilhaços de luz.



Um objeto de ventura

De manuseio hábil

Com movimento delicado

Em elegante amparo.



Amor e Natureza há nele

Simplicidade, rigidez, verticalismo

É vegetal energia da magia

Poder longevo de ancestralidade.