sábado, 8 de novembro de 2008

Cão Infiel





Era um cão uma vez desses infiéis
Não do tipo que não tinha dono
Ou queda por um outro alguém
Era dono dos tolos
Das vielas cravejadas de inimigos
Do chão por onde andavam suas patas
Fungador preferido do fundo das fêmeas
Valente na fuga
Com o bife almejado bem fácil entre os dentes
Esnobe de carrapatos
Seu lar no tapete do Planalto
Seu cheiro o fedor nobre dos caninos
Mas fugia dos carinhos
Não abanava rabo de graça
Cachorro louco das guaridas
Não castrado pelo instinto
E infiel
Um cão desses de rua
Filho da penumbra
Abolido de dono até os ossos.


Daniel Monteiro