terça-feira, 21 de julho de 2009

Cavalos e Almas


O cheiro do mato aberto
Remete às casas senhoriais
E a poesia sai atônita,
Agalopada,
Desrespeitosa.

Hoje os eqüinos são receosos do homem
Domesticados sem livre arbítrio
Sem genitais e desejo próprio.

É feio essa ranhura domada
Esse sintoma de domínio
Esse coice na selvageria
Correto na sua mentira.

Como vamos decidir
Pra onde vai as almas
Se não sabemos ser justos
Com seres horóscopos

A alma ricocheteia internamente
Inquietando o cavalo no pasto
Reverberando a vontade dominante
O estirar supremo do músculo


Transparente,
Ressabia o canto do espírito
O instinto de um ser livre
O olhar através do descampado

O antílope brinda o peito ao vento
Mastiga a verdura do sustento
Ama o correr desembaraçado do fim-tarde
Pelos certos pedregulhos
Investindo moral

Tal nobreza cega o domador
Vendo o poderio do servidor
Cala consentindo a força
Deixando-se guiar com animal vigor.


Daniel Monteiro

Um comentário:

RED disse...

O computador me disse que não foi feito nenhum comentário até agora... Até agora... o computador dá avisos, empresas te extorquem, o governo te extorque, seu chefe compra tuas horas e tua dignidade... se houver uma maneira de ser menos infeliz é lendo teus poemas

Beijos da amiga Ruiva
porradasverbais.blogspot.com