quarta-feira, 5 de maio de 2010

Colhendo merdas numa tarde ensolarada

Eu, num momento só, minha pá bipolar em punho com a vassoura noutro braço, iniciei o recolhimento de merda canina, e prefiro desde sempre recolher merdas caninas. É um trabalho interessante e de interesse comum. Interessante porque se pode desenvolver assim novas habilidades olfativas e artísticas, entrando em contato com a imaginação escultural de cada peça defectiva e com os odores peculiares que cada uma leva. De interesse comum justamente porque ninguém que conviva com os sapecas animais deseja sentir odores insuportáveis ou desviar com saltos esguios o produto final da ração. Pode parecer indigno e quase nada vantajoso recolher tais excrementos, mas é aí que se revela a nobreza do ato receoso. Exatamente porque a maioria das pessoas detestam ter que lidar com suas próprias atividades fisiológicas, pelo asco pessoal que adquirem da própria raça, crêem que seria muita mediocridade e rebaixamento limparem bostas cachorras. Mas essas bostas são muito melhores do que a nossa, sem toxinas e podridão. Experimente defecar no chão e deixar lá por um dia, vai preferir que fosse de cães. Vai ver então que limpar coco de cachorro é mais digno do que você mesmo cagar na privada e gastar vinte litros de água. E ainda dá pra fazer adubo. Limpe a merda de seu cão com empenho e simplicidade, e sairá com o sentimento de missão cumprida.

Um comentário:

Universo disse...

AHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHH rialto