O planeta é como um resfolegante entreposto de carnes
Suam as artérias articulares da pelagem
Lambuzando o roçar das coxas animais
As vísceras expostas do instinto assediando o próximo
E o próximo molestando seu sexo público de passagem
O desejo espremido do abade
Reprime a sanidade arcana ao limiar do viço
E a forja do celibato tátil
Incute a pureza nua na vassalagem
Criando o mal devasso no claustro
No tal montante das putarias
Alcovita quem quer gozo e corrimento
Coleciona genitálias a baixo custo
Angariando úteros na feira livre do crepúsculo
Antes fossemos como peixes num depósito de óvulos
Mas como somos encaixe de órgãos
Um roçar de músculos viscosos
Permanecemos pela transmissão universal
Alastrando epidemias galáticas
Numa núpcia viral
No entrebate tumultuado do núcleo urbano
Gavetas alvas conservam cadáveres um dia já quentes
Solos públicos acolhem moribundos etílicos
Ruas espremidas banalizam e indiferenciam
Os corpos andantes e mundanos do homem
Ofertando humanos num cardápio telefônico
Este é o mal carnal no limite do abuso
A podridão da proteína no clímax do atrito
Toda a reprodução sexuada pela delicadeza do vínculo
Nenhum corpo a sair ileso pela contaminação do submundo.
2 comentários:
forte né...
é impressionante como a coisa carnal do ser humano é tão latente que até a poesia fica leve, mas com o sentido andando do nosso lado como uma inquietação...inquietação boa e fortíssima.
lindo seu texto!
adorei!
bjos
Ah... é uma verdade intrínseca, não descola do nosso caráter carnal. Obrigado pelo comentário moça bela, não duvido que você também escreva poesias de grande significado lírico. Beijos!
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