Bem pulsantes são as engrenagens do coração
Átrio, aurícula e ventrículo
Amantes de um bom sangue arterial
Jocosa é razão de tal batimento dinâmico
Tateando outro peito alheio encostado ao teu
Distribui as delícias da reposição orgânica
Bombeando o líquido venoso pelo ralo
Insaciável órgão-mor involuntário
Se chora bate, bate se sorri
Se brinca bate, bate se briga
Bombeia na mesura perfeita
Incessante de fé, prova da vida
Com um púrpura chamejante
Abocanha os sentimentos vividos
Para ele corriqueiros
Em bocadinhos
O tom de voz sempre mais alto que o da mente
Irrigado de nobreza
Muito embora entupido de ansiedade
E gostosamente irresponsável por natureza
Bate cansado, enérgico bate
Bate surpreso, traído bate
Movido pelo ímpeto e pela coragem
De amar aqui e acolá
Amor de mãe, de irmão ou de tesão
Rocha de carne inveterada
Infalível nos negócios do amor próprio
Com os corpos quentes dele dependentes
Amores loucos dele correspondentes
Caminhos tortos é ele inconseqüente
Provando num só tempo a rigidez e a fragilidade
A fraqueza e a caridade
Escondendo tristeza com felicidade
E bomba, bomba completando o ciclo interno
Mantendo o tal círculo dos assuntos externos
Com medo bate, bate com coragem
Bate com ódio, com amor bate
E enquanto estiver vivo
Coradinho,
O resto vive no seu ritmo.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
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