sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Amor de Árvore


Um caule não ama como um homem
Suas raízes amam toda a terra
E um punhado dela abraça a muda nova

Sais minerais convém como afagos no vento
E o ar mirado traz o pólen mínimo
Tão importante quanto o bruxulear dos galhos

O fruto surge como o talento da flora
Tesouro da espécie e filho da flor
Com as folhas a enfeitar a copa vívida

No casco do tronco vive a origem
O húmus remaneja o ciclo e reencarna
O sol beijando a clorofila que injeta o sustento

Cada estação traz a sua boa nova para a arbustagem
E cada arbusto revela sua época viçosa
Celebrando a primavera na beleza do acasalamento

O bico da pássaro carrega a mensagem
As sementes acomodam-se no leito do solo virgem
Naturalmente escancarando a independência selvagem

Umas se enroscam nas outras pedindo um ombro amigo
O verde agradece acolhendo o canário no ninho
E a água abastece somente pedindo beleza na margem

A floresta suspira e admite as raças no seu ventre
As espécies clamam e percebem seus dons
E à sombra do pomar se deleitam com seus cheiros

O arvoredo ama sem necessitar ser amado
Seus iguais o amam e juntos se mantém em pé
Balançando e recebendo a fauna com ternura

A verdura vêm sendo aos poucos ofendida
Mas tem perseverança e continua a procriar
Como enraizada teimosia do Poder da Vida.

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