quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Oriunda Poesia



Sabe-se que a poesia poderia ser feita mesmo se nunca tivesse existido poesia
Diz-se também que a poesia real é a dos mudos
Das aves vindouras
E das pedras abatidas


O recurso poético transgride o que se faz presente
E resgata o que ainda nem passou a existir
Logo os neurônios provem do poema
E o verbo lambe a orla do pensamento


Quantas cachaças soberbas devaneios não criaram
Que bocas não deliraram letras e condutas
Quais peitos não compeliram
Implacáveis
O ódio singular


A beleza da junção
E o esplendor do veneno
Compõem o Sagrado
Nominável do inexpressivo
Como baluarte da oração
Num brasão em ascendência



Jamais a visão da aurora transpassará o consciente
As sementes do caráter maculando a terra
Assediando as percepções da doutrina
Incólumes como o inanimado



O provimento da palavra haverá de se calar
O movimento do gesto se imobiliza no seu erro
O contorno da expressão esmorece no esquecimento
Mas a Oriunda Poesia fere o olhar eternamente
Atemporal como o riso do mundo

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