quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Gozo Insatisfeito


Entre o gozo que aspiro, e o sofrimento de minha mocidade, experimento
O mais profundo e abalador atrito... Queimam-me o peito cáusticos de fogo
Esta ânsia de absoluto desafogo
Abrange todo o circulo infinito.
Na insaciedade desse gozo falho busco no desespero do trabalho,
Sem um domingo ao menos de repouso, Fazer parar a máquina do instinto, Mas, quanto mais me desespero, sinto A insaciabilidade desse gozo!



A dança do psique

A dança dos encéfalos acesos Começa. A carne é fogo. A alma arde.
A espaços As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombam, cedendo à ação de ignotos pesos!
E então que a vaga dos instintos presos- Mãe de esterilidades e cansaços -Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos
Subitamente a cerebral coréia
Pára. O cosmos sintético da idéia surge.
Emoções extraordinárias sinto
Arranco do meu crânio as nebulosas
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!


Augusto do Anjos

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